"Se fosse um animal, seria um cão com alma de gato"

Dr.ª Teresa Ribeiro da Silva, veterinária

Os animais sempre fizeram parte da sua vida. "Em criança, trazia para casa todos os bichos que encontrava na rua. Costumava andar com sapos e rãs nos bolsos e o meu primeiro animal de estimação foi um coelho branco chamado Pipoca. Cheguei a levar um enorme Serra da Estrela que via pela janela e que a minha mãe me obrigou a devolver". Metia as mãos nos portões que diziam "Cuidado com o cão", mas nunca nenhum cão lhe fez mal. E foi precisamente um cão ferido que entrou pelo seu jardim que a fez decidir ser veterinária. Muitos anos mais tarde, frequentou a Escola Superior de Medicina Veterinária e quatro dias depois de acabar o curso, começou a trabalhar numa clínica no centro de Lisboa, onde permaneceu até abrir a sua, em Campo de Ourique, há seis anos. Teve o cuidado de a equipar de modo a poder prestar um bom serviço aos seus clientes mas "o que importa não são só os equipamentos, também as pessoas que estão por detrás deles. Como os animais não falam, é preciso ter sempre os cinco sentidos apurados. Saber ler os sinais e depois interpretá-los com exames mais completos". Todos os dias se fazem análises e opera todas as semanas. "O que mais me orgulho de ter feito não vem no meu currículo: são as noites e os dias passados a tomar conta de animais doentes e a tratá-los". Em casa, tem uma cadela Chow Chow, a sua raça de cães preferida "porque tem uma cumplicidade especial com o dono. O Chow Chow era o guardião dos palácios imperiais e tem a sabedoria oriental. Só ouve, vê e fala quando é preciso e senta-se sempre de costas para o dono, para enfrentar tudo à sua volta". Também tem um gato recolhido no Marquês de Pombal, que até fez parar o trânsito. Trabalhar em Campo de Ourique tem sido um desafio e se viver começou por ser uma necessidade, hoje é um prazer. Sempre que pode, troca o ginásio onde faz Pilates por um passeio à beira-mar. O pequeno-almoço é sempre tomado numa esplanada a ler um autor preferido, ou simplesmente a observar as pessoas. Sonha em ter tempo para voltar a viajar e a ver exposições de arte, mas os seus pacientes de quatro patas ocupam-lhe o tempo quase todo.